12 de abril de 2011

Cobras e Lagartos - 30 anos

Em 1981, o Coral da Cultura Inglesa entrava em estúdio para gravar, pela segunda vez, a obra que compus especialmente para o grupo, Cobras e Lagartos. A primeira, custeada pelos integrantes do grupo e destinada a concorrer a um lugar dentre os classificados para o MPB-Shell 81, promovido pela Rede Globo de Televisão, tinha sido realizada no início do ano. Foi na versão original, coro a capela (ou a cappella), ou seja, sem acompanhamento instrumental.

Desta vez, seria diferente.

Com tudo pago pela produtora, Ariola, o coral estaria “vestido”, literalmente, com um modelito sopros e cozinha, um sexteto composto de 3 saxofones (alto, tenor e barítono), piano, baixo e bateria, criado somente para enfeite, sem promover qualquer alteração na versão inicial.

Quando os integrantes do Coral da Cultura Inglesa chegaram ao estúdio, encontraram gravadas a base e uma introdução orquestral, cuja instrumentação era de 5 saxofones (2 altos, 2 tenores e barítono), 2 trompas, 4 trompetes, 4 trombones, tímpanos, piano, guitarra, baixo elétrico, bateria e cordas (violinos I – II – III, violas e violoncelos). Esta, compreendendo 30 segundos apenas de um trabalho politonal, feito sobre elementos extraídos da obra coral, fizeram um barulho considerável com a produtora por causa dos custos da gravação. Afinal, 26 músicos em estúdio, mais as “dobras”, para 30 segundos...

Cobras e Lagartos foi selecionada para o festival. Participou das eliminatórias no extinto Teatro Fênix e se classificou para a final, quando recebeu um prêmio especial.

Pouco depois, o Coral da Cultura Inglesa mudou de nome.

Agora, era Cobra Coral.

A história completa desta saga que inclui coral, música, gravação e festival está no texto que escrevi sob o título “Ás voltas com o canto coral”, inserido no livro “Ensaios: Olhares sobre a Música Coral Brasileira”, publicado pelo Centro de Estudos de Música Coral, Rio de Janeiro, com a primeira edição em 2006, e nova edição a sair brevemente pela Funarte.

Com letra e textos de Hamilton Vaz Pereira mais outros não identificados aqui; com música deste que vos escreve; na singular interpretação do Cobra Coral, com orquestra e conjunto; sob a regência de Marcos Leite, com vocês!...

Cobras e Lagartos!


Notas:
[“Dobra” é quando o músico grava novamente sua parte em outra trilha. Como toca outra vez, ganha dobrado.]

[A ficha técnica do disco pode ser encontrada no link abaixo:
http://www.nestordehollandacavalcanti.mus.br/textcoraldacultura.htm ]

Um comentário:

  1. O Cobra Coral representa o início de um movimento de completa renovação na música coral no nosso país. Sua história particular precisa ser não apenas preservada, mas ressaltada como o divisor de águas importantíssimo que representou. Obrigado Nestor por este presente. E parabéns para todos os artistas que como o Cobra Coral abriram novas searas técnicas e apresentaram propostas criativas!! Parabéns Nestor! Parabéns Marcos Leite! Parabéns Cobra Coral!!!

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