21 de abril de 2012

Questão de sobrevivência

É dificílimo encontrar gravações de obras de compositores brasileiros na internet ou em qualquer “net”. Encontra-se Villa-Lobos – alguns registros, não muitos, em comparação com a quantidade de obras que ele compôs (E as gravações nem sempre têm uma boa qualidade) – e mais uns poucos. Sim, poucos – pouquíssimos! –, em relação ao número enorme de compositores que o país possui, em sua história; compositores de talento, de muito talento.

O degas aqui - brasileiro, compositor, que, atualmente, ‘tá lento, mas permanece em atividade, permanentemente, há mais de quarenta anos - tem, também, se dedicado à divulgação de obras dos colegas-compositores, independentemente das posições estéticas que cada um defenda. E nisto, dou prioridade absoluta nas minhas postagens (ou compartilhamentos), aos intérpretes brasileiros – instrumentistas, cantores, regentes, grupos vocais e instrumentais – que se dedicam exclusivamente, ou têm por hábito incluir em seu repertório, obras de autores brasileiros.

Aos demais, digo: Até um dia e... tchau!

As exceções ficam para os que nasceram e moram lá fora. Isto, quando estão bem nas fitas, claro. E gosto que me enrosco – e posto, quando fico sabendo que tocaram ou gravaram coisas nossas.

Não se trata de “nacionalismo”, “xenofobia”, bobagens e seus rótulos. É uma posição da qual não abro mão, nem posso abrir, nem para o “tchau”...

Questão de sobrevivência.

16 de abril de 2012

Bruno Kiefer

Amizades que a gente vai travando pela vida. Alguns desses amigos, sem mais nem menos, se vão – “passed way”, como dizem os do norte. E a gente não os vê mais.
Relembro um, amigo e colega-compositor, gaúcho legítimo, nascido na Alemanha – por mero acaso... Bruno Kiefer, que completaria 89 anos no último dia 9 de abril e “passed way” em 1987.

Bruno Kiefer
Esta amizade começou na minha sede de leitura, quando, sempre em busca de fontes novas, adquiri, no final dos anos 60, seus livros “História e significado das formas musicais – do moteto gótico à fuga do século XX” (Acho que em 1ª edição, sem menção da editora, São Paulo, 1968) e “Elementos da linguagem musical” (Editora Movimento, Porto Alegre, 1969).

Faltava, ainda, o “tete à tete” fraternal.

A oportunidade surgiu no começo dos anos 80, quando estive trabalhando no Projeto Memória Musica Brasileira, do Instituto Nacional de Música da FUNARTE, criado e coordenado por Edino Krieger, em 1979.

O PRO-MEMUS lançou série de discos e partituras e, neles, estavam obras do gaúcho Bruno Kiefer. O contato se deu e a fraternidade começou.
Bruno esteve várias vezes no Rio e, quase sempre, estivemos juntos.

E, a última oportunidade de ter o prazer de estar e sua companhia, foi em um almoço carinhosamente preparado por sua esposa, em Porto Alegre. Lá, churrasqueamos, papeamos muito sobre música e Música – claro – por toda uma tarde, compartilhando o chimarrão amigo.

Foi nosso último encontro.

Fiquei-lhe devendo gravação de obra sua. Estava comigo, em uma fita cassete. Demorei-me em atendê-lo. Bruno se foi, a fita sumiu, a dívida prescreveu...

Mas, não de todo. A lembrança desse amigo de dupla nacionalidade – farroupilha e alemã – permaneceu. Eternamente.

É a tal da saudade... A tal da saudade...

[Veja e ouça: Música sem incidentes (1983), para flauta e violão, de Bruno Kiefer, com Leonardo Winter (flauta) e Daniel Wolff (violão).