30 de março de 2011

Indignação!

Neste momento, de total indignação, lembro-me de meu pai, que passou a vida sendo perseguido, por motivos políticos, profissionais e pessoais, sendo alvo das mais diversas calúnias; principalmente, depois de sua morte, quando não mais podia se defender, e nós, a sua família, nada podíamos fazer, porque vivíamos os anos trágicos da ditadura militar. Era impossível qualquer ação.

Algumas vezes, após sofrer uma injustiça e por ter de ficar momentaneamente impotente para uma reação, ouvi meu pai dizer a seguinte frase: "- Vou permanecer na esquina, esperando ver o "féretro" passar."

Ele não estava se referindo a morte de alguém. Mas, da mudança dos fatos. Os fatos sempre mudavam. E o "féretro" passava.

Hoje, a coisa não é assim. A ditadura caiu; ou melhor, foi "caída". Estamos numa... "democracia"... Em plena... "democracia"...

E cerca de quarenta músicos da OSB foram demitidos por "injusta causa". Junto-me a eles e fico na esquina, esperando...

Por enquanto.

Rio de Janeiro, 30 de março de 2011

Nestor de Hollanda Cavalcanti
Músico (compositor, arranjador e violonista), com a carteira (azul) da Ordem dos Músicos do Brasil, sob o número 14.771, com data do registro de 25.07.1973 e assinada pelo então presidente da entidade, Nelson de Macedo, em 31 de julho de 1973, e a carteira do Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro, sob o número 1285, datada de 30.05.79

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