14 de março de 2011

Tragédia

Autoridades japonesas estimam em cerca de 10.000 mortos as vítimas da tragédia no país. A imprensa internacional diz que poderia ser muito maior a extensão da catástrofe se o Japão não tivesse a estrutura e a organização que atualmente tem.
Algumas das desgraças que sofre a humanidade costumam serem analisadas assim: pelo número de mortos. Dez mil mortos é um número grande, uma tragédia. Mas, cem mil é um número dez vezes maior, então, cem mil mortos é uma tragédia dez vezes maior. Seria um sofisma este tipo de raciocínio?

Uma família que perde um ente querido, num acidente qualquer, sofre uma tragédia? Não, segundo a conceituação geral. Uma pessoa tem de perder toda a família para sofrer uma tragédia.

O Dicionário Aurélio dá, como uma das definições para tragédia, o seguinte: “Acontecimento que desperta lástima ou horror; ocorrência funesta; sinistro.” Deste modo, se uma família que perde um ente querido, num acidente qualquer, sofre uma tragédia, sim. E se fossem dois entes queridos? Uma tragédia. E toda a família?
Tragédia, sempre tragédia. Caso, em virtude do terremoto no Japão, houvesse “apenas” uma morte, certamente não seria uma tragédia para o país, para as autoridades japonesas, para a imprensa internacional. Mas, seria uma tragédia para os seus amigos e familiares.

A chave para a resposta a esta questão sobre “tragédia” não está na quantidade de mortos, um ou cem mil. Está na expressão: ente querido.

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