21 de março de 2011

Teste de músicos em New York City

Certa vez, alguém contou a seguinte história – ou estória que teria acontecido em New York City, também conhecida por Nova Iorque, em meados dos anos 30. Uma big band procurava um trompetista não apenas para compor o seu naipe, mas, um músico que pudesse assumir a função de primeiro trompete, uma senhora responsabilidade numa banda de jazz.

Então, foi colocado um anúncio grande num jornal de enorme circulação na cidade, especificando a necessidade do grupo musical. Talvez porque o antigo titular do posto ser considerado uma fera no instrumento de bocal, pouquíssimos candidatos se atreveram a disputar a vaga. Pouquíssimos é exagero; na verdade, apareceram somente dois valentes a fim de encarar tamanho desafio.

O teste era num famoso teatro na Broadway. E os dois sentaram-se lado a lado na platéia, primeira fila, sem nem ao menos olhar um para o outro.

Foi chamado o primeiro candidato para o teste. Era um rapaz loiro, de olhos azuis, bonito, muito bem vestido, com a elegância daqueles anos. Diante da banca examinadora composta do band leader e outros músicos, o cavalheiro abriu seu estojo forrado de veludo vermelho e tirou um magnífico instrumento, todo dourado, cujo brilho mais se acentuava debaixo da luz do palco. Com modos finíssimos, ele colocou o bocal no instrumento e, altivo, se posicionou para o seu solo. Ao ser autorizado, atacou.

E foi horrível. Ele era péssimo.

A banca o dispensou logo, chamando o candidato seguinte.

Veio um neguinho, mal vestido, com aparência de que não via água no corpo há dias, cheio de ginga – american ginga, claro, mascando chiclete e com um sorriso meio cínico, mostrando a dentadura natural branquíssima. Trazia um objeto estranho, alguma coisa esquisita embrulhada em jornal velho debaixo do braço. Era o trompete. Um instrumento sujo, com vários amassados, cheios de arranhões e que, à primeira vista, ninguém de bom senso acharia que poderia produzir qualquer som. Ainda mais que o neguinho tirou o chiclete da boca e colocou-o sobre um pequeno furo perto de um dos pistões e se pôs a postos, de modo totalmente desengonçado, para o seu solo. Tudo feito com muita ginga – american ginga, claro.

A turma da banca se entreolhou e, totalmente incrédula, não tendo outra alternativa por falta de outros candidatos e diante da extrema necessidade da banda, autorizou o neguinho a mandar ver. E ele mandou ver.

Era pior do que o loiro...

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