30 de março de 2013

ARGUMENTAÇÕES...

A TV, sempre a TV. A TV e sua história.

Era no antigo Cassino da Urca
O primeiro aparelho, chamado televisor, apareceu lá em casa em meados dos anos 50. Não sei se foi em 1956 ou 1957. Lembro-me apenas que foi comprado em segunda mão e funcionava à base de válvulas. Acho que a marca dele era SEMP. Depois, surgiram outros que, como o primeiro, esquentavam o suficiente para assustar, sendo que dois deles pegaram fogo, logo debelado, sem causar maiores problemas.

 Naqueles dias, os canais disponíveis eram dois: Tupi e Rio; 6 e 13. O cardápio de ofertas logo se ampliou com a vinda da Continental, canal 9; Excelsior, canal 2; Globo, canal 4.

TV-Rio (antigo Cassino Atlântico)
Ah, sim, veio também a Educativa. A TVE, como era conhecida, que, nos últimos tempos, deixou de ser Educativa para ser Brasil, e ocupa atualmente o canal 2. Sim, porque a Excelsior acabou cedendo gentilmente seu canal à emissora governamental. Acabaram também a Continental, a Tupi e a Manchete. Esta última, canal 6, surgiu tempos depois das anteriores, “pantaneou”, “donabeijou” e outras coisitas, mas cedo expirou, deixando o canal 6 para ser ocupado pela RedeTV!. Vieram ainda: o SBT, canal 11; a Bandeirantes, canal 7; a Record, canal 13, que vinha transformando a Rio e o Rio.

Quanto à Globo, permaneceu no canal 4.

A TV, sempre a TV. A TV e seus noticiários.

Meu pai era jornalista. Lia jornais, escutava noticiários de rádio – Repórter Esso e outros – e com a chegada da TV, assistia todos tele-noticiários. Assim, embora eu não seja jornalista e mal saiba escrever – nem sei por que estou escrevendo este texto – minha educação familiar acabou por incluí-los nos meus hábitos diários.

O teatro ficava em Ipanema
Agora mesmo, estou assistindo um deles que compõe a chamada imprensa televisada. Os tele-noticiários são britanicamente pontuais (Os britânicos são pontuais mesmo ou isto é puro papo?). E eles vêm. Atacam ferozes, exibindo delícias e horrores num mesmo prato, sem discriminar sabores e gostos pessoais. Neste ponto, não são muito diferentes dos tempos das válvulas. Os de agora são a cores e estão em múltiplos cenários.

Os noticiários têm mostrado, no meio de suas maravilhas, algumas das cenas, mais que freqüentes – todas dignas, claro –, das reuniões de um dos três poderes federais; o mais popular pela quantidade de vezes que, talvez devido às suas ações um pouco – como direi? – instigantes, é constantemente envolvido por manifestações diversas onde as palavras de ordem “fora fulano!” se reproduzem incessantemente. Essas reuniões, que não se sabe o porquê são estranhamente abertas ao público, vêm se tornando um dos melhores shows da televisão brasileira de todos os tempos. E olhem que tenho idade para julgar...

Os estúdios ficavam em Laranjeiras.
Acabei de assistir, com o prazer masoquista habitual, um destes últimos maviosos espetáculos que são as tais reuniões. E a coisa estava bastante animada! Podia-se ver dois grupos distintos. Um estava sentado, o outro de pé. Até aí nada. Porém, os dois grupos procuravam se expressar com gestos nada amistosos, movimentações corporais diversas e muita gritaria.

Da parte daqueles que estavam em pé, que pareciam – apenas pareciam – mais exaltados do que os acomodados em seus assentos, surgiu uma personagem exaltadíssima, que logo se tornou protagonista da cena, quando o pessoal da turma do “somos fortes e estamos à serviço da grande força” entrou em cena de forma nem tão coadjuvante assim, dando a esperada deixa para a fala da personagem aspirante. E esta não se fez de rogada e mandou ver, aos berros:


– “(Estão fazendo isso comigo porque...) Sou pobre, negro e guei!...”

Segue a cena – ainda não era o momento do fim, com mais gritos, empurrões e uns tabefes de leve, até que do meio daqueles que estavam sentados, outra personagem, também protagonista, numa cena cheia de personagens protagonistas em busca do autor (Cadê ele?!), aparece com a outra fala, sua fala, sem estabelecer necessariamente um diálogo, mas com a coerência necessária de alguma coisa próxima a um diálogo, onde pude continuar minha apreciação mais que masoquista – se é possível isso:

– “É preciso tomar medidas ÁUSTERAS!” (sic).

Pois é...

Mudei de canal de imediato. Está na hora de outro noticiário...

Cardápio atual da TV chamada de aberta


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