23 de janeiro de 2012

Eduardo Patané entrevista Abraão Stern

Como vivia um músico na extinta URSS?

A resposta está abaixo, extraída do livro DIÁLOGO BRASIL-URSS, escrito por Nestor de Holanda, meu pai, após sua viagem à União Soviética, em 1959. Foi publicado pela Editora Civilização Brasileira, com a 1ª edição em 1960. A seguir, transcrevo a nota do autor para a 2ª edição de 1962:

"Reuni perguntas de cem brasileiros, reconhecidamente anticomunistas ou indiferentes. E, na União Soviética, onde visitei oito das quinze repúblicas, e algumas dezenas de cidades, entrevistando gente nas ruas, nos bondes, lojas, escritórios, em toda a parte, obtive as respostas de pessoas cujas profissões correspondem às dos perguntadores.

Assim, eis um livro insuspeito, sobretudo elaborado com absoluta imparcialidade. Não é contra nem a favor do comunismo; é, apenas, esclarecedor. A bem da verdade, devo dizer, entretanto, que não sofri qualquer restrição, na URSS, ao elaborá-lo. Pelo contrário, recebi colaborações e aplausos. E tanto as perguntas como as respostas foram autenticadas pelos respectivos autores, estando comigo, à disposição de qualquer interessado, todos os originais.

É difícil cotejar o nível de vida do Brasil com o da União Soviética. São tão diferentes que não temos como fazer comparações. Além disso, lá, as taxas de câmbio variam conforme a natureza da operação. No comércio internacional, com um dólar se obtêm quatro rublos; no câmbio turístico, um dólar vale dez rublos. Por aí, talvez o leitor possa calcular alguns valores, mas não conseguirá aquilatar o padrão de vida no país, e, muito menos, confrontá-lo com o nosso.

Finalmente, aí está, em nova edição, este livro, que, propriamente, não é meu, pois fui, tão-só, portador de perguntas e respostas, mas cujo êxito é motivo de grande orgulho para a minha tarefa jornalística.

Nestor de Holanda"

18 (1)

"Perguntas de EDUARDO PATANÉ, violinista.
Respostas de ABRAÃO STERN, violinista do Teatro Taras Shevchenko de Ópera Nacional da Ucrânia, em Kiev.

Os músicos tocam todos os gêneros, sem especializações, desde o popular ao clássico?

– Claro. Logo no conservatório, nosso curso é completo em todos os gêneros de música. No teatro, por exemplo, tanto há concertos sinfônicos, ópera e balé, como espetáculos com músicas populares, nossas e de uma infinidade de países. É indispensável, portanto, que saibamos executá-las.

Qual a situação, financeira e social, de um músico de orquestra?

Teatro Taras Shevchenco
– Salário mínimo de 2.200 rublos. Máximo de 5.000. Em teatros de segunda categoria, os salários são de 1.500 a 3.500. Há muitos executantes queridos do grande público e bem conceituados. Há até os que, mesmo figurando numa orquestra, são atrações para as platéias, notadamente quando se anunciam números solados por eles.

Qual a média de horas de trabalho, por dia?

– Oficialmente, oito horas. Quando se trabalha em casa, estudando, sozinho, também o tempo é contado entre as oito horas diárias.

Nota do editor:
(1) Número de ordem do entrevistador no livro. 

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