Amigos:
Outro dia, acordado sonhei que recebia um cheque
nominal com a singela e insignificante importância de... – Pasmem os
senhores! – Cr$ 318.010.000.000.000.000,00 (Trezentos e dezoito quatrilhões e
dez trilhões de cruzeiros), junto com um recibo a ser assinado, onde constava
que era referente a pagamento de direitos autorais.
– Direitos autorais... Direitos autorais? Alvíssaras!
Vou passear a Europa toda até Paris. Até que enfim agora sou feliz (Feliz como
um pinto no lixo, embora ainda não entenda como é que alguém pode, como um
pinto, ficar feliz no lixo).
Continuei:
– Não vou mais trabalhar. Darei toda roupa velha aos
pobres e a mobília sem quebrar. A patroa vai ter outra lua-de-mel, será madame
e morar num grande hotel. Vou comprar um nome não sei onde de Marquês ou de
Visconde. Dispensarei o francês mon amour e a Madame Pompadour. Não ficarei
devendo nada ao Zé ninguém do armazém. E vou procurar saber onde comprar um
avião azul para percorrer a América do Sul.
Assinei o recibo e coloquei a data depois de
conferi-la devidamente no calendário pendurado na parede: 10 de outubro de
1966.
Exclamei:
– Ué!... Mil novecentos e sessenta e seis?!...
Mas de repente, derrepenguente, a patroa me acordou:
– Está na hora do meu batente. Assina o recibo que vou
depositar o cheque.
Cai na real e assinei o dito cujo, conferindo a data
no celular: 10 de outubro de 2016. Conferi o cheque: R$ 115,64 (Cento e quinze
reais e sessenta e quatro centavos).
Pensei cá com minhas semicolcheias que se fosse
possível possuir a maquininha de H.G.Wells após a conversão da moeda de hoje na
de cinqüenta (com trema sempre) anos atrás... Se fosse possível...
– Se acorda, vargulino! Saia pela porta de trás que na
frente tem gente.
Foi um sonho, minha gente!
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Um compositor em seu uniforme de trabalho descansa... sobre o resultado da arrecadação dos seus direitos autorais!... |
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