9 de junho de 2011

A história de umas “teses”. O início.

Há uns muitos vários anos, um amigo e parceiro de algumas canções, me fez uma proposta para estudarmos juntos alguma matéria que fosse de interesse comum a nós dois. Apresentou três assuntos para escolher. Confesso que não me lembro direito quais eram os três, mas, preferi um que, por sinal, era a seu preferido.

Feita a escolha, ele me trouxe um livro, do qual possuía dois exemplares. Um era dele e o outro pertencia a sua namorada que, por não se interessar pelo estudo, me emprestou prontamente.

Segurei o exemplar interessado e o folhei. Não tinha o nome de editora, nem data de edição e no título vinha um erro nem um pouco imperceptível, sugerindo uma tradução feita sem muito cuidado.

Assim, tomei contado com “Os conceitos elementais do materialismo histórico”, da chilena Martha Harnecker.

Nossos encontros eram elementais, isto é, semanais. Um dia, na minha residência; outro, na dele. Algumas vezes, nos reuníamos no apartamento dos pais da sua namorada ou na casa da tia dele, onde tínhamos mais sossego para as nossas reflexões.

Estas “reflexões” consistiam em se procurar analisar sob a luz da dialética materialista os assuntos aos quais nos dedicávamos; no meu caso, a música e meu amigo, o teatro.

A época para tal estudo era perfeita, de tranqüilidade absoluta. Governava o país o General Emílio Garrastazu Medici.

Nossos estudos foram intensos e duraram várias semanas. Meu amigo, algum tempo depois, formou um grupo de teatro e me convidou para participar deste como músico e compositor. Porém, eu, um tímido crônico e convicto, procurei gentilmente declinar do convite.

Continuei meu estudo sozinho, Hamilton Vaz Pereira e o “Asdrúbal trouxe o trombone” seguiram sem mim, o que não lhes fizeram nenhuma falta. Já o livro que me foi emprestado, ainda se encontra comigo. Está inteirinho e espero devolvê-lo um dia à sua dona de direito, Regina Casé.

2 comentários:

  1. Afinal, a tradução era ruim? Me preocupou esse detalhe, quando comprei o livro dum sebo (não recebi ainda, por isso pergunto). Aguardo.

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  2. A tradução foi feita sem o devido cuidado, em face à necessidade da época que vivíamos. Muitos grupos de estudo se formaram no país para estudá-lo. É um livro de grande importância histórica. Vale a pena conhecê-lo.

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